domingo, 31 de julho de 2011

Governo oficializa veto à mudança de modal

31/07/2011 - Diario de Cuiaba

O presidente da Agecopa, Eder Moraes, tentou convencer autoridades em Brasília sobre a vantagem do VLT em MT

O Ministério das Cidades tornou oficial sua posição de que vai vetar qualquer mudança no modal de transporte dos projetos de mobilidade urbana das cidades-sedes da Copa do Mundo de 2014.

A informação atinge diretamente as pretensões mato-grossenses de mudar o projeto do BRT (Bus Rapid Transit) para VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).

Na semana passada, o presidente da Agecopa (Agência Executora das Obras da Copa do Mundo), Eder Moraes, esteve em Brasília, no Ministério das Cidades, tentando convencer as autoridades de que o VLT é mais vantajoso para a Grande Cuiabá.

O argumento de Moraes, que não deve ser acatado pelo governo federal, é de que a construção do BRT vai exigir uma quantidade muito grande de desapropriações, podendo consumir até R$ 1 bilhão, segundo os cálculos iniciais, porém não oficiais, do governo do Estado.

O BRT nas cidades-sedes da Copa será financiado pela Caixa Econômica Federal, conforme acordado na Matriz de Responsabilidade assinada por governo e estados.

Em Cuiabá, estima-se que a construção dos corredores exclusivos deverá consumir R$ 500 milhões. No caso do VLT, calcula-se que os gastos cheguem a R$ 1,1 bilhão. O governo do Estado, no entanto, argumenta que essa diferença poderá ser amortizada no pagamento de uma quantidade menor de desapropriação.

Segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo, na reunião da semana passada, a diretora de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Luiza Vianna, defendeu a manutenção do que está projetado. Mas o coordenador-geral de Infraestrutura da Copa do Ministério do Planejamento, Guilherme Ramalho, pediu uma solução de consenso vinda das cidades, sobretudo Salvador e Cuiabá, que cogitam alterar o modal.

A possibilidade de retorno do projeto do BRT é cada vez maior no Estado, sobretudo em razão dos prazos. Tema sobre qual o governador Silval Barbosa e Eder Moraes começam a mostrar divergências.

Enquanto o presidente da Agecopa afirma que ter o projeto de mobilidade urbana pronto não é condição “sine qua non”, para o Mundial - já prevendo que o VLT não fique pronto a tempo -, o governador é enfático: quer o modal funcionando antes de junho de 2014, quando acontece o Mundial.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Para animar, sorteio da Copa terá Ivete e "vídeos instigantes"
27/7/2011
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O Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014 (COL) tem seu primeiro grande desafio no próximo sábado. A partir das 15h (horário de Brasília), na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, será dado início ao sorteio para as Eliminatórias do Mundial. E um dos obstáculos principais para a entidade é evitar que o evento se torne monótono e pouco chamativo para os mais de 200 países que será transmitido.
"Calculamos para saber a duração do sorteio e trabalhamos para explicar ao espectador como ele funciona. A nossa expectativa é que seja rápido e que consiga entreter quem esteja assistindo. O desafio principal é fazer com que o espectador interessado apenas no sorteio do seu continente, continue atento a todo o sorteio", disse David Ausseil, responsável da Fifa pelo evento.
Para isso, a Fifa e o COL põem suas fichas em shows de artistas brasileiros como Ivete Sangalo, Ivan Lins, Ana Carolina e Daniel Jobim (neto de Tom Jobim), que mostrarão seus talentos entre o sorteio de um continente e outro.
"A primeira coisa que eu pensei quando a GEO (empresa responsável pela cerimônia) me convidou para realizar esse evento foi equilibrar o sorteio com os vídeos e os musicais que juntos se transformassem em um grande show. Além disso, achei importante que o espírito brasileiro, nosso jeito de ser, estivesse presente nas cores, cenografia e musicais. Foi com essa visão que pretendemos produzir a parte artística. Estamos ensaiando e ensaiaremos até sexta", disse Aloysio Legey, diretor artístico, que já produziu alguns eventos globais como Criança Esperança e Show da Virada.
"Vamos ter um grande show, que mostra imagens novas e instigantes para os brasileiros e que será importante para o País na visão internacional", completou Luiz Gleiser, diretor da Rede Globo. A escolha apenas de artistas brasileiros, porém, pode ser um tiro no pé já que muitos deles ainda não tem uma carreira internacional consolidada e podem não agradar espectadores em solo asiático ou da Oceania, por exemplo.
No total serão sorteados os grupos de cinco eliminatórias continentais (África, América Central e do Norte, Ásia, Europa e Oceania). Apenas a América do Sul não terá sorteio, já que as eliminatórias são realizadas em pontos corridos com jogos de ida e volta.
O sorteio será feito por ordem alfabética dos continentes, com apenas uma excessão. "A Europa será o último continente a ser sorteado pelo número extenso de equipes", explicou David Ausseil. Por ser país-sede, o Brasil não terá que disputar a competição e já tem vaga garantida na Copa do Mundo de 2014.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Deputado José Riva afirma que há lobby pelo BRT

20/07/2011 - Gazeta

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Riva (PP), rebateu as "ponderações" feitas pelo senador Blairo Maggi (PR) a respeito do modal a ser escolhido para o sistema de transporte previsto para a Copa de 2014. Defensor da implantação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), o parlamentar disse que existe lobby em favor do BRT (Bus Rapid Transit), que é um corredor para transporte sobre rodas. Reafirmou ainda ações no sentido de garantir a opção pelo VLT.

Maggi disse nesta semana, em visita às obras da Arena Multiuso, que "se fosse governador não teria escolhido o VLT" e sim optado pelo BRT. Destacou ainda que essa é a sua opinião, mas que cabe ao governo do Estado, sob comando de Silval Barbosa (PMDB), definir a questão. A declaração do senador provocou reação de Riva, que ressalta a importância da escolha de um modal mais moderno, e que deverá propiciar vantagens para o usuário, como a qualidade dos serviços.

O parlamentar acrescenta ainda em sua defesa o fato de o VLT evitar série de intervenções no âmbito das desapropriações, que serão necessárias caso seja instalado sistema BRT. Riva "cutucou" Maggi ao destacar que o senador deveria fazer estudo de viabilidade do VLT. "Não posso aceitar esse lobby. O BRT é um modelo saturado", alfinetou.

O presidente do Poder Legislativo disse ainda que falta vontade política para consolidar o VLT, mas que acredita no compromisso do governador Silval Barbosa de assegurar a melhor escolha, nesse caso, pelo VLT. O Executivo e a Agência Executora da Copa de 2014 (Agecopa) se apressam para garantir junto ao Comitê Gestor da Copa/Fifa, sustentação ao VLT. A definição do tema em nível nacional ocorre no dia 15 de agosto.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Princesa do Sol: Venda de 20 linhas de ônibus garante pagamento do passivo trabalhista

11/04/2011 - Tribunal Regional do Trabalho MT




Num procedimento levado a efeito pelo Núcleo de Conciliação do TRT/MT, foram alienadas (vendidas) 20 linhas de ônibus cuja concessão pertencia à empresa Princesa do Sol, que se encontra em recuperação judicial.

A empresa vem enfrentando problemas nos últimos anos. Em 2009 teve 25 ônibus apreendidos e recentemente mais 19 ônibus foram objeto de seqüestro pela Justiça de São Paulo. Por isso concordou em vender as linhas e permitir que o valor seja usado para pagar os trabalhadores.

Foi necessário que o Núcleo de Conciliação fizesse um entendimento com a Prefeitura de Cuiabá, através da Procuradoria Geral e da Secretaria Municipal de Transporte Urbano (SMTU) e com o demais interessados na recuperação judicial, para que a alienação se desse de forma mais rápida possível, para não prejudicar os trabalhadores.

Para concretizar a venda das 20 linhas que demandam um total de 67 ônibus, foi aberto um edital de oferta destas linhas. Algumas empresas se apresentaram e fizeram suas propostas.

A vencedora foi a empresa Integração Transportes Ltda., do mesmo grupo da União Transportes, que ofereceu 4,5 milhões de reais pela linhas. A forma de pagamento ficou assim homologada: R$ 450 mil de entrada e restante em 24 parcelas de R$ 100.000,00, seguindo-se mais 24 parcelas de R$ 68.750,00.

Pelo que ficou acertado entre as partes, o dinheiro da entrada foi utilizado para quitar a folha de março de 2011, de 381 trabalhadores, o que foi requerido inclusive em ação proposta pelo Sindicato dos Trabalhadores da Empresas de Transporte. O restante será utilizado para fazer-se o pagamento dos débitos trabalhistas, reunidos no Núcleo de Conciliação, de acordo com a ordem dos processos, na medida em que as parcelas forem sendo recebidas.

Segundo o juiz do Núcleo, Luiz Aparecido Torres, os procedimentos para consecução deste acordo, tem respaldo nos artigos 647, inciso II e 685-C do CPC e nas orientações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), principalmente na resolução 125/2010, que trata da política judiciária nacional de tratamento dos conflitos de interesse, que busca entendimento entre as partes mesmo antes da propositura das ações trabalhistas.

(Processo 01575.2007.009.23.00-6)

(Ademar Adams)
Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social

Agecopa deve ficar de fora da execução das obras de mobilidade

11/04/2011 - A Gazeta

Já é quase consenso entre os deputados estaduais a posição do Ministério Público Estadual de formalizar ao governador Silval Barbosa (PMDB) que execute através das Secretarias de Estado as obras de mobilidade urbana, deixando sob competência da Agência Executiva de Obras da Copa do Mundo de Futebol Pantanal 2014 (Agecopa), apenas as obras relativas a questão esportiva, a Arena Multiuso; do entorno do Complexo Esportivo e os Centros Oficiais de Treinamento.

A estratégia foi definida na semana que passou pouco antes de se definir a votação das alterações no modelo de gestão da Agecopa, o que aconteceu em definitivo na última quinta-feira pela manhã. Na quarta existiam dúvidas quanto a aprovação do projeto de Lei Complementar que altera a gestão da Agecopa de coletiva para presidencial compartilhada, ou seja, a prerrogativa é do presidente, mas tem que contar com a aquiescência do diretor da área.

Na semana retrasada o procurador-geral de Justiça, Marcelo Ferra em reunião com a Comissão Especial de Acompanhamento da Copa do Mundo de 2014, formada pela procuradora Silvana Corrêa Vianna e que tem como auxiliares os promotores de Justiça, Maria Fernanda Corrêa da Costa (Meio Ambiente), Clóvis de Almeida Júnior (Patrimônio Público) e Miguel Slhessarenko (Cidadania), decidiu formalizar ao governo que restringisse a atuação da Agecopa a obras esportivas, mantendo sob a tutela do Estado (Secretarias de Transporte e de Cidades) a competência para execução das outras obras, principalmente as de mobilidade urbana.

A idéia que provocou exagerada Nota da Agecopa, que admitiu ter delegado competência sua para a execução das obras ao Dnit, despertou interesse nos deputados estaduais que viram a possibilidade de pedir ao governador que excluísse as obras de mobilidade urbana da competência da Agência.

O presidente da Assembleia, José Riva (PP) afirmou que vai defender a exclusão da Agecopa no processo de escolha do novo sistea de transporte coletivo de Cuiabá e Várzea Grande. Para Riva a Agecopa não teria competência para definir o assunto

"Papel deles é executar ações pelo Estádio, FunPark e os Centros de Treinamento. Política de transporte é do governo do Estado e da Assembleia Legislativa, pois são ações continuadas que perdurarão após o evento esportivo", frisou José Riva que espera se reunir ainda nesta segunda-feira com o governador Silval Barbosa.

Defensor claro do sistema VLT Veículo Leve sobre Trilhos, José Riva (PP) lembrou que as pessoas que desmerecem a proposta não têm bagagem técnica para falar em compensações ou preverem se no futuro a passagem será viável ou não. "Sem estudo técnico fica difícil de saber qual a melhor proposta. Como no mundo a maioria usa o VLT deve ser porque na Europa, nos Estados Unidos o sistema de trânsito é tão caótico quanto no Mato Grosso", disse Riva lembrando que se deixar a Agecopa vai querer cuidar do transporte aéreo do Estado.
 

 

sábado, 9 de abril de 2011

Agora, só governador pode vetar o projeto do BRT

07/04/2011 - Copa no Pantanal

Sistema de transportes de Cuiabá para 2014 deve ser o BRT
O presidente da Agecopa, Yênes Magalhães convocou entrevista coletiva à imprensa com a finalidade de dar um basta nas especulações das disputas entre o BRT e o VLT para o transporte de Cuiabá em 2014. De posse de uma planilha com o estudo de viabilidade de transporte para Cuiabá, Yênes  fez esclarecimentos e ressaltou a posição da Agecopa assegurando que a autarquia não tem preferência pelo sistema do BRT como chegou a ser noticiado. Mas, que será esse o sistema a ser implantado.




Afirmando que recebeu o estudo de viabilidade do VLT – realizado por uma empresa estrangeira – apontando que com este sistema (Veículo Leve sobre Trilho) o preço das passagens ficariam 102% mais cara que o do BRT ou ônibus comum, o presidente da Agecopa ratificou o sistema de ônibus em corredores e considerou encerrada a questão. “A Agecopa vai trabalhar com o BRT. Qualquer mudança agora é por conta do governador. Só ele pode fazer a mudança”. O argumento para a definição em torno do BRT é de que “a população cuiabana deve receber transporte de qualidade mas com preços acessíveis”.
 
Yênes explicou que a escolha pelo projeto do BRT não foi da Agecopa. “Isso aconteceu em 2008 em uma reunião do governador com o prefeito, antes mesmo que Cuiabá se tornasse candidata a receber jogos da Copa. A Agecopa desenvolveu o projeto e o encaminhou para a Caixa Econômica Federal, onde aguarda definição. Os recursos, na ordem de R$ 480 milhões já estão assegurados.
 
Sobre “lobby” e ameaças denunciadas pelo presidente da Assembléia Legislativa, José Riva, dando conta de que haveria pressão a favor do BRT, Yênes negou que qualquer manifestação tenha partido da Agecopa.  “Se houve ameaça, o fato tem que ser apurado, mas garanto que a Agecopa não fez isso”. Na última terça-feira, Riva declarou que engenheiros ligados às empresas de VLT sofreram ameaças quando estiveram em Cuiabá. No entanto, o deputado admitiu que a pressão poderia ter vindo de grupos de empresários do transporte.
 
O BRT – O sistema de “Bus Rapid Transit” funciona com ônibus articulados com grande capacidade trabalhando em corredores exclusivos na faixa central da pista. O sistema foi adotado por várias cidades brasileiras como Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e Salvador.
 
O VLT – Muito parecido com o metrô, o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) são veículos metálicos que correm em plataforma elevada, sem passar por baixo da terra. Esse sistema foi adotado por Brasília e Fortaleza.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Auto Sueco apresenta BRT; Agecopa não comparece

30/3/2011 - Olhar Direto


Sistema BRT pode utilizar ônibus como este. Foto: Polyana Araújo (Olhar Direto)

A empresa Auto Sueco do Brasil, concessionária da Volvo em Mato Grosso, apresentou as vantagens do sistema de transporte BRT (Bus Rapid Transit) em café da manhã nesta quarta-feira (30), no Hotel Holiday, e não contou com a presença de nenhum dos seis diretores da Agência de Execução dos Projetos da Copa de 2014 (Agecopa) e nenhum representante do governo do Estado. 

O único a prestigiar o evento foi o deputado estadual Luiz Marinho (DEM), um dos integrantes da Comissão de Acompanhamento das Obras da Copa, da Assembleia Legislativa. Em discurso, ele diz considerar o BRT mais próximo da realidade do Estado do que outros modelos de transporte coletivo, como o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

Entre as maiores vantagens do BRT em comparação ao VLT, meio de transporte defendido pelo presidente da AL, José Riva (PP), está o custo da passagem, que varia entre R$ 0,70 e R$ 1 e a rapidez do transporte. “Os trabalhadores vão ganhar até uma hora por dia com o BRT”, destacou Ayrton Amaral, responsável pelos projetos BRT da Volvo.

Por enquanto, a empresa não apresentou proposta de preço aos empresários do setor, que deverão aderir ao novo modelo e adquirir os veículos. “Hoje, queremos mostrar o conceito de um modelo desenvolvido por brasileiros e expandido para outros países”, afirmou o diretor executivo da Auto Sueco em Mato Grosso, Paulo Cunha. 

Sobre o VLT, o diretor executivo avalia ser mais cômodo mudar de um sistema convencional para um personalizado do que para um conceito completamente diferente, no caso o sistema de trilhos. Argumenta ainda que o investimento em um BRT é 10 vezes menor que o de um metrô e de três a cinco vezes menor que o de um VLT.

O veículo tem capacidade para 180 passageiros e são movidos 100% a biodiesel e, por isso, o custo é mais barato, como explicou os representantes da empresa. Possui 2,6 metros de largura e 2,10 metros de altura interna.

A indefinição do governo hoje é em relação às vantagens dos dois modelos de transporte coletivo (BRT e VLT), visando desafogar o trânsito de Cuiabá e Várzea Grande para sediar os jogos da Copa. É de responsabilidade do Estado a construção de corredores exclusivos para ônibus, no caso do BRT, e de trilhos para o VLT.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Obras de mobilidade em Cuiabá visam priorizar o coletivo

05/01/2011 - Portal 2014

Confira entrevista com Rafael Detoni, responsável pelas intervenções no transporte da capital do MT

Perspectiva do modelo de BRT que será construído em Cuiabá (crédito: Divulgação)

"O público tem que ter prioridade sobre o individual. As ações de trânsito têm foco no coletivo”. A frase é do engenheiro Rafael Detoni, da Agência Executora das Obras para a Copa do Pantanal (Agecopa), responsável pelos projetos de mobilidade urbana da capital do Mato Grosso visando à Copa de 2014. 

Nesta entrevista, Detoni fala sobre os projetos que vão alterar a vida dos mato-grossenses e que devem dar fôlego ao trânsito caótico da cidade. Ele explica como se deu a escolha pelo BRT (Bus Rapid Transit), qualifica como assustador o crescimento da frota na última década e não descarta a adoção do sistema de rodízio no centro. “A tendência é que andar de carro comece a ficar cada vez mais caro”, afirma.

Quais os principais projetos de mobilidade para a Copa em Cuiabá?
O primeiro grupo de obras, e o mais importante, são os dois corredores de BRT (Bus Rapid Transit). Temos um sistema de transporte coletivo em Cuiabá, da prefeitura, outro em Várzea Grande, e um sistema coletivo intermunicipal, operado por uma concessionária do estado. São sistemas independentes e não existe um plano de integração. Os valores dos bilhetes são diferentes, as concessões vencem em prazos diferentes. A maior obra de mobilidade, sem sombra de dúvida, é a reformulação do transporte coletivo. Primeiro, torná-lo metropolitano de verdade. E aproveitar o momento para fazer a reformulação física do sistema com a implantação do BRT.

Quando surgiu a ideia do BRT?
Em 1995 quando Cuiabá e Várzea Grande contrataram seus primeiros planos de transporte coletivo. Foi contratada uma consultoria e, em 1997, foi implantado parcialmente esse plano com a instalação de estações de integração do centro, do (bairro) CPA e Coxipó. Foi o início da integração, mas apenas física, e não com bilhetagem eletrônica. Em 2005, a prefeitura de Cuiabá fez a primeira modernização no sistema de transferência. Com a bilhetagem eletrônica, a prefeitura desativou parcialmente as estações. O plano de 97, que já tinha a leitura do crescimento populacional e previsão do crescimento de demanda de transporte, tinha como uma das metas a implantação de um sistema de transporte de média a alta capacidade. Quinze anos se passaram e o que estava previsto naquele plano passou a ser uma necessidade. 

Ainda não havia um modelo?
Não. Era uma ideia, até dos corredores. Falava-se em transporte de maior capacidade. Agora, passado esse tempo todo, o transporte coletivo de Cuiabá sofreu a mesma degradação do transporte coletivo no país inteiro, crescimento de frota, motos, enfim...

Como se optou pelo BRT?
Ainda se tem essa discussão sobre BRT ou VLT. Simples: demanda. Investimento, custo de investimento e principalmente demanda. Hoje, no trecho mais carregado do centro de Cuiabá, transportamos 7.500 passageiros por hora, por sentido, no pico da tarde. Uma demanda dessa magnitude você opera com um sistema de BRT, que, dependendo do modelo operacional, tem capacidade para até 36 mil passageiros por hora e por sentido. Para se ter uma ideia, o corredor Antônio Carlos, em Belo Horizonte, tem duas faixas por sentido, vai operar com BRT e inicialmente a demanda prevista é de 27 mil passageiros por hora.

"O principal é o BRT, carro-chefe da mobilidade, que a reboque vai trazer uma série de adequações do sistema viário ao longo dos dois corredores, como viadutos e alargamentos de pistas"

A decisão, portanto, levou em consideração o custo?
O custo operacional. Não é nem custo de implantação. É uma conta simples: implantar um VLT de superfície hoje custaria quase R$ 37 milhões por quilômetro. Já um BRT custa cerca de R$ 12 milhões por quilômetro. Para o VLT, há grupos franceses, chineses que bancam a construção. Até aí tudo bem, mas alguém vai ter que pagar a conta deles. Com uma demanda de, vamos dizer, 350 mil passageiros por dia, quem vai pagar essa conta? O usuário? Vai pagar uma tarifa de R$ 12? Não é tão simples. Hoje, todo sistema metroviário é subsidiado. O problema é que a conta tem que fechar, senão fica inviável. Aí veio a opção pelo BRT.

Quais são os outros projetos?
O principal é o BRT, carro-chefe da mobilidade, que a reboque vai trazer uma série de adequações do sistema viário ao longo dos dois corredores, como viadutos e alargamentos de pistas. O transporte privado também ganha com isso. Temos outro conjunto de obras não relacionadas com o BRT, mas que estão dentro de um corredor muito importante para Cuiabá, que é a av. Miguel Sutil. Ela é originalmente uma rodovia federal e que já foi, há 30 anos, o contorno viário da cidade. A cidade cresceu e ela foi incorporada à malha viária. Ela está travada por um motivo muito simples: se a gente olhar para a malha viária de Cuiabá, o deslocamento é radial, a demanda ainda é para o centro. Ela é um anel que conecta os principais corredores, mas travou. Proporcionalmente, nesse corredor está o maior investimento em obras viárias.

Segundo Detoni, frota de veículos de Cuiabá cresceu 100% em 10 anos (crédito: Rodrigo Prada)

Essas obras que deveriam ser feitas futuramente, serão antecipadas aproveitando os investimentos da Copa?
Na verdade, já passou da hora. O sistema de transporte não acompanhou o crescimento da população. As últimas grandes obras viárias ocorreram no fim da década de 70 e início da de 80. Depois disso acabou. Apenas recentemente, em 2007, foi construída a av. das Torres. 

Qual é a taxa de crescimento da frota atualmente?
O crescimento de automóveis em Cuiabá é assustador. Nos últimos 10 anos foi de 100%. De motos, 370%. Cuiabá e Várzea Grande têm 44% dos deslocamentos feitos por transporte coletivo. Outros 22% andam de transporte individual. E 34% ainda é viagem a pé. Temos hoje 50 mil viagens de transporte coletivo no pico da manhã. Nesse mesmo período, 22 mil viagens por meio de transporte privado, individual. A produção de viagens é maior nos bairros e a atração é o centro da cidade, onde a atividade comercial ainda é forte.

"Vamos oferecer transporte coletivo mais rápido e mais barato, desmistificando a ideia de que quem anda de ônibus é pobre. A tendência é que andar de carro comece a ficar cada vez mais caro"

Como será feito para bancar tudo isso?
O estado vai bancar as obras de desbloqueio, algo em torno de R$ 120 milhões, e também a contrapartida de desapropriações, cujo custo é uma incógnita. Temos três corredores que fazem parte da malha federal: av. Fernando Corrêa, Miguel Sutil e FEB. Essas três serão realizadas pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), com R$ 360 milhões da União. Os BRTs serão financiados pela Caixa Econômica Federal, totalizando R$ 420 milhões. A duplicação da (av.) Mário Andreazza, que entrou no plano de mobilidade da Copa, orçada em R$ 30 milhões, também será financiada pela Caixa. E tem outro pacote que é o entorno da Arena Pantanal, que será financiado pelo BNDES. Com base em estudo preliminar, o valor chega a R$ 100 milhões. 

Como será feito o planejamento do trânsito durante as obras?
Vamos traçar o que chamamos de operação programada. Quando um ponto estiver em obra, como será a circulação no entorno? O planejamento será feito pela prefeitura. Quando estiver pronto esse estudo, divulgaremos para a população. 

Tem previsão de algum tipo de estímulo ao uso do transporte coletivo? 
Ainda não pensamos em rodízio, mas não está descartado. Uma coisa que já foi conversada com a prefeitura e com o governador é a ideia de implantar o escalonamento, com horários diferentes para os funcionários entrarem no trabalho. 

Qual será o legado da Copa para a cidade?
Para mim, o maior legado não será nenhuma dessas obras. O maior legado será a mudança cultural, mudança de hábitos. Não será o viaduto, nem a trincheira. O público tem que ter prioridade sobre o individual. As ações de trânsito têm foco no coletivo. Esses corredores de ônibus vão exigir a remoção de vagas de estacionamento, por exemplo. Pode prejudicar o comércio local, mas é a dinâmica da cidade. Esse legado não aparece em um ano ou dois. É um legado que começa a aparecer em seis anos ou pouco menos. Vamos oferecer transporte coletivo mais rápido e mais barato, desmistificando a ideia de que quem anda de ônibus é pobre. A tendência é que andar de carro comece a ficar cada vez mais caro.